Conheça a voz do Presidente da Diretoria da Rede Avançada de Pesquisa, Ciência e Educação Salvadorenha, RAICES, e sua visão para RedCLARA e na colaboração. Leia este e outras entrevistas no livro “RedCLARA: Nome, voz e instrumento de colaboração na América Latina”.

O que vem à sua mente quando ouve um pesquisador falar sobre colaboração?
Eu penso que a colaboração é a única forma de fazer a ciência avançar hoje em dia. Atualmente é muito difícil que alguém possa trabalhar sozinho e por si mesmo no campo da pesquisa, em qualquer disciplina científica. Bem seja nos ramos sociais, saúde, ciências exatas, naturais, ou nas engenharias, devem ser compartilhados os resultados, as experiências, as medições, os analises, os fracassos e os avanços, levando em consideração o respeito as méritos de cada um e de cada uma das instituições.

Os custos de instalar e manter laboratórios, equipes e computadores para desenvolver projetos de pesquisa são altos se eles são assumidos por uma só instituição, ou ainda, às vezes, por um só país. Os talentos, as capacidades e as experiências também são ativos que produzem mais se eles são compartilhados.

Esta colaboração entre homólogos é realizada nacionalmente e internacionalmente, e a forma mais eficiente para consegui-la é por meio das redes avançadas, do qual a RedCLARA e as redes nacionais que a compõem são os melhores expoentes na região.

O que identificaria como o mais importante das redes de pesquisa e educação?
A capacidade de compartilhar informação e estabelecer formas inovadoras de cooperação entre homólogos, pesquisadores e docentes de disciplinas semelhantes. Estas redes permitem que cientistas e estudiosos dos diversos fenômenos e aspectos que fazem parte das agendas de pesquisa dos países e instituições, possam rever e se apoiar na experiência e nos resultados de outros pares, tanto na região latino-americana quanto no mundo.

As redes de pesquisa e educação facilitam e fomentam a colaboração entre os pesquisadores de um país, e deles com seus parceiros em outras nações. Tornou-se um binômio eficiente aquele que se dá quando as mesmas redes de pesquisa e educação, como organizações formais, gerenciam as redes avançadas de um país.

Então, a contribuição mais relevante das redes avançadas é o fornecimento de um canal de comunicações de tecnologia contemporânea em continuo avanço e com alta velocidade; canais com taxa de utilização compartilhada menor, portanto maior eficiência e qualidade.

Como descreveria o papel da RedCLARA, tanto em nível regional quanto global?
A RedCLARA é uma entidade facilitadora e articuladora para conseguir desenvolver projetos de pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento científico na América Latina. Esta organização está chamada a se tornar o ponto de encontro de pesquisadores, cientistas e docentes de ensino superior na região, fornecendo a conectividade eficiente de alta velocidade, os espaços virtuais de relação e as ferramentas modernas de comunicação, armazenamento y processamento de informação científica.

Diante do resto do mundo, a RedCLARA já é o referente que representa a América Latina nos fóruns internacionais sobre o desenvolvimento da e-Ciência. Em grande parte, ela conhece e reúne as inquietações e situações nacionais, bem como o estado do desenvolvimento da ciência e a tecnologia própria em nossos países. Ela é porta-voz qualificada, pois seus membros são precisamente as redes nacionais de pesquisa e educação nos países latino-americanos, e isso permite manter atualizada a informação que gerencia, apresentar a situação da região ao resto do mundo e incidir na concretização dos projetos de benefício comum.

Qual tem sido para sua rede a importância central do projeto ALICE2?
O ALICE2 e seu predecessor, ALICE, tem sido fundamentais para a existência e o desenvolvimento da RAICES, a rede nacional de pesquisa e educação de El Salvador. Como em outros países membros da RedCLARA, antes deste projeto não existia uma RNP, e foi graças a esta oportunidade de conseguir a conectividade com apoio financeiro da Comissão Europeia que os atores nacionais envolvidos decidiram se organizar e constituir a rede RAICES.

O projeto ALICE2 também tem fornecido muitas horas e formas de capacitação e preparação de recurso humano; formação e desenvolvimento de comunidades de pesquisa; dotação de ferramentas de comunicação ágeis, modernas y tecnicamente eficientes para os pesquisadores; iniciativa que buscam a inclusão de mais países, redes, membros locais e cientistas; e uma estratégia sustentável de conectividade continental e além das fronteiras.

Todas estas conquistas tem feito com que os membros de nossa rede RAICES possam entrar em contato com colegas na América Latina e outras regiões. Esta é uma nova forma que os pesquisadores e docentes locais têm para se comunicar e, eventualmente, trabalhar junto com outros pares. Do mesmo modo, é uma forma em que nossos membros podem ficar sabendo de algumas oportunidades de projetos colaborativos.

Quão importante é para a RAICES a colaboração com outras redes nacionais e regionais e de quais formas ela colabora globalmente?
Para uma rede como a RAICES, que iniciou seu trabalho ao mesmo tempo, e impulsionada pela existência mesma da RedCLARA, a colaboração com outras redes nacionais e regionais é uma atividade estratégica que apóia seu próprio crescimento e desenvolvimento.

El Salvador, infelizmente, não é um país que se destaque pelos altos volumes de trabalhos de pesquisa e muito desenvolvimento científico. A aliança e possível participação de nossas universidades em projetos colaborativos regionais é um apoio importante na busca deste desenvolvimento próprio, pois permite aproximar-nos dos outros grupos de trabalho que vão na frente nestes assuntos.

Se a RedCLARA não tivesse existido, como o senhor acha que seria hoje o cenário da ciência, a pesquisa e a inovação em seu país?
Cada instituição estaria tentando trabalhar de forma isolada nestes assuntos tão importantes. Se bem há outras dinâmicas, iniciativas e projetos que vem sendo empurrados há algum tempo, a existência da RedCLARA tem possibilitado contar com alguns recursos que, de outra forma, não estariam presentes nem acessíveis para nossos pesquisadores, docentes e instituições.

Em outras palavras, se bem teria acontecido algum avanço, eu considero que a existência da RedCLARA tem nos permitido visualizar e, em alguns casos, experimentar, outras formas de desenvolver projetos no campo da ciência e a tecnologia.

Poderia descrever sua visão das redes de pesquisa e educação no futuro?
Serão um ator cada vez mais relevante no desenvolvimento da pesquisa científica como motor de desenvolvimento dos países, pois permitem que os trabalhos, projetos e a divulgação dos resultados atinja mais pessoas, grupos de trabalho e instituições.

As redes de pesquisa a educação, tanto as nacionais quanto as regionais, prestarão serviços de primeira qualidade quanto as comunicações, transmissão de dados e informação, manutenção de comunidades, desenvolvimento de projetos e outras formas de avanço da ciência e a tecnologia na região.

De acordo com seu próprio critério, qual deveria ser o papel da RedCLARA nos próximos cinco anos?
Além da manutenção, a gestão e a melhoria continua da infra-estrutura de telecomunicações para uso exclusivo das redes acadêmicas nacionais, deve continuar articulando o trabalho colaborativo das comunidades de pesquisa, tanto as que tem fomentado quanto aquelas que se aproximarem da rede, pré-existentes ou em formação, em qualquer disciplina do saber.

A melhoria e a inovação continuas nos serviços que presta devem ocupar um lugar predominante no trabalho da RedCLARA, sobretudo aquele que permite mostrar de melhor maneira as vantagens de participar destas redes regionais diante dos parceiros.

Também deve continuar realizando esforços para ampliar a quantidade e qualidade dos membros da rede, chegando a países que ainda não estão conectados e a instituições que anda não participam destes desafios.

Em conjunto com seus parceiros, as redes nacionais, a RedCLARA deve continuar com os trabalhos para visibilizar diante dos atores políticos, os tomadores de decisões e as mesmas autoridades das instituições que são membro das RNPs, a importância de manter e ampliar esta importante ferramenta para o desenvolvimento da e-Ciência.

Deve manter e fortalecer suas alianças com outros atores homólogos em todo o mundo, para conseguir transferir estes benefícios aos seus membros latino-americanos.

Todas estas ações e outras adicionais, devem buscar garantir a sustentabilidade da RedCLARA e as RNP, baseados no uso continuo e ampliado da infra-estrutura de comunicações, bem como dos serviços e das ferramentas fornecidas pela RedCLARA, com o objetivo comum de fazer avançar a inovação, a ciência e a tecnologia em nossa região.