“Desafios na formação de uma comunidade latino-americana em Educação e Pesquisa” é o nome de um estudo realizado pela Urdimbre, comunidade apoiada no seu nascimento pela COMCLARA (período 2010-2011).

O estudo, que reúne uma análise comparativa da gestão, desenvolvimento e contexto da tecnologia para a pesquisa nas universidades membros da comunidade – formada por 13 instituições de 7 países da América Latina – foi realizado por três pesquisadores da Urdimbre: Clemencia Camacho, do Politécnico Gran Colombiano (Colômbia); Blanca Ruth Orantes, da Universidade Tecnológica de El Salvador; e Dora Luz González Bañales, do Instituto Tecnológico de Durango (México).

“Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas utilizando o e-mail para a coleta de dados. Um dos resultados mostrados foi que na maioria das instituições, o gerenciamento da pesquisa é realizada pelos diretores de pesquisa e de pós-graduação”, explicou Blanca Ruth Orantes, diretora de pesquisas da Universidade Tecnológica de El Salvador (UTEC), numa análise publicada no site das RNIE de El Salvador (RAICES), da qual esta instituição é membro ativo.

Orantes acrescentou que em algumas entidades contam com uma equipe reduzida de pesquisa em relação ao tamanho total da instituição. Além disso, há poucos doutores.

“Outra variável analisada foram os recursos para motivar a pesquisa. Encontramos que a maioria das pesquisas era financiada com recursos próprios, muito poucos projetos são financiados por cooperantes nacionais e internacionais. Quanto aos incentivos, poucas instituições dão bonificações ou prêmios”, apontou Orantes.

Os principais obstáculos para o trabalho de pesquisa, segundo as entidades que participaram no estudo, são que os programas de capacitação não são suficientes para formar pesquisadores, pois é necessário o grau de doutor para obter melhores resultados e, paralelamente, contar com as competências para formular projetos perante cooperantes internacionais. “Os docentes não fazem pesquisa pela falta de motivação e/ou vocação, e apesar de que a pós-graduação é onde deveria haver mais pesquisa, em algumas das entidades este nível não representa um eixo estratégico”, acrescentou Orantes.

“Em suma, falta uma cultura de pesquisa que vá além do paradigma de ver a pesquisa como algo difícil e complexo; o gerenciamento e a liderança de uma comunidade ou rede devem ser exercidos sucessivamente por membros de diferentes países para gerar um sentido de pertencia, e compromisso dos investigadores; a isso devemos acrescentar gerenciamento e atingir o nível de maturidade necessário para apresentar projetos perante cooperantes que financiem a pesquisa, que é fundamental para a sustentabilidade de uma comunidade acadêmica”, concluiu a pesquisadora salvadorenha.