David Lambert, Presidente e Diretor Executivo de Internet2: “Os membros na nossa comunidade estão colaborando para resolver alguns dos problemas mais graves que pesam sobre a sociedade global” Imprimir
Escrito por Tania Altamirano   
Seg, 18 de Junho de 2012 00:00

Continuando com a série dos líderes das redes avançadas regionais, nesta entrevista apresentamos a voz da máxima autoridade da rede norte-americana, Internet2, sobre o papel das redes de pesquisa e educação, e a importância da colaboração global.

David Lambert, Internet2O que vem na sua mente quando ouve um pesquisador falar sobre a colaboração?
O que vem na minha mente é o incrível e crítico trabalho que os pesquisadores realizam na nossa comunidade. Os membros dela estão colaborando para resolver alguns dos problemas mais graves que pesam sobre a sociedade global – energia limpa, mudança climática, curas para o câncer, astronomia, física de altas energias e muitas outras questões importantes.

É imperativo que os pesquisadores e seus colegas da área de tecnologia colaborem e proporcionem ferramentas que ofereçam saídas mais rápidas para a pesquisa. Isto pode ser fornecendo soluções para enviar conjuntos de dados massivos clicando apenas um botão – ao invés de enviar os discos rígidos pelo mundo – ou proporcionando as melhores soluções possíveis para videoconferências totalmente interoperáveis e fiáveis para colaborar com seus colegas de pesquisa no globo. A nossa comunidade sempre deve atender as suas necessidades com as melhores soluções disponíveis atualmente, e levar a carga de soluções inovadoras e transformadoras que possibilitem descobertas maiores no futuro.

O que identificaria como o mais importante das redes de pesquisa e educação?
Eu diria que a importância crucial das redes de pesquisa e educação (I+E) é a administração e facilitação da comunidade – dando o que precisa para desenvolver e entregar soluções reais e transformadoras para problemas próprios e coletivos. As redes são apenas o exemplo inicial da habilidade da comunidade para criar soluções para as oportunidades e desafios coletivos.

Quando as primeiras 34 universidades criaram Internet2, fizeram-no porque a comercialização e a utilização muito maior da Internet, um objetivo muito apoiado, havia deteriorado a nossa capacidade para apoiar as necessidades científicas de transferência de dados em grande escala. O fato de estabelecer uma rede operada pela comunidade e depois propriedade dela, dedicada às nossas próprias necessidades, foi rapidamente identificado como a solução.

Hoje enfrentamos novos desafios, e enquanto a rede é uma pedra angular da nossa comunidade, devemos utilizar os mesmos conceitos de colaboração para desenvolver e implementar soluções tecnológicas de melhor desempenho que atendam as necessidades de todos os âmbitos da nossa missão e as funções de apoio aos membros.

Como descreveria o papel de Internet2, tanto no contexto regional quanto global?
Em ambos os níveis, eu descreveria o papel de Internet2 como o mesmo. Em primeiro lugar, Internet 2 foi criada para ser o símbolo de um conjunto de ambições para a comunidade de pesquisa e educação. Em segundo lugar, Internet2 foi criada para ser um agente que estes líderes pudessem utilizar para desenvolver e implementar soluções para problemas comuns. Essa foi a definição original de Internet2, e se mantém até hoje. Apesar de que a nossa comunidade é muito maior do que ela era há 15 anos atrás – e seu alcance deve ser mais amplo e profundo para sermos plenamente eficazes, esta definição se aplica agora mais do que nunca, dados os desafios que enfrentam a pesquisa e a educação.

O quanto é importante para Internet2 a colaboração com outras redes regionais e de que maneira ela colabora no contexto global?
Internet2 atribui uma alta prioridade para a otimização da função de todos os parceiros no tradicional modelo de 4 níveis de redes de I+E estadual, regional, nacional e global. O ecossistema está se expandindo dramaticamente com os novos ou crescentes esforços do Estado, as competitivas ofertas comerciais, e outras forças de mudança que empurram contra o histórico modelo das redes de I+E. Por meio de colaborações amplas com usuários finais, os já existentes e os novos parceiros da rede e outras partes interessadas, Internet2 se propõe a desenvolver um conjunto contemporâneo de modelos que unam seus próprios esforços de trabalho em rede com aqueles de outras partes no ecossistema, para criar uma missão, um negócio e uma capacidade operacional e técnica coerente para o futuro.

Internet2 colabora com seus muitos parceiros de organizações internacionais para promover o desenvolvimento destas capacidades e arquiteturas de rede coerentes. Por exemplo, Internet2 é parceiro de DICE, uma colaboração estratégica entre as redes europeias e norte-americanas de pesquisa e educação, concentradas na otimização das operações transatlânticas de redes para todos os usuários de pesquisa e educação. Nós também trabalhamos com os nossos parceiros globais para oferecer serviços sobre a rede.

Por exemplo, Internet2 está trabalhando em parceria com vários colegas, incluindo a RedCLARA, para possibilitar a colaboração por meio de vídeo transparente, interoperável e de alta qualidade, ao longo de fronteiras institucionais e internacionais. Internet2 também trabalha com seus parceiros para garantir o acesso a instalações e projetos científicos distribuídos globalmente, incluindo o Grande Colisor de Hádrons do CERN, na Suíça, e os projetos de telescópio SOAR e Prompt, no Chile.

Como acha que mudará nos próximos anos a colaboração global entre as redes regionais?
Internet2 tem certeza absoluta de que a globalização está mudando a nossa missão e as nossas estratégias – e as dos nossos parceiros de ensino superior e universidades – e isto invariavelmente dará forma ao futuro de Internet2.

Dado que a ciência, a educação, a pesquisa e o serviço não estão limitados pelas fronteiras geográficas, o sucesso no longo prazo de Internet2 se baseia no fortalecimento das alianças e as oportunidades de colaboração com seus homólogos internacionais, e também na nossa capacidade de procurar novas formas de colaboração e ampliar as nossas capacidades de apoio aos membros de Internet2. Estas parcerias criam pontes necessárias entre as nossas respectivas comunidades, e o apoio as missões de ensino, aprendizagem, clínicas e de outros alcances dos nossos membros e as suas comunidades.

Poderia descrever sua visão das redes de pesquisa e educação no futuro?
As redes I+E devem aproveitar e construir sobre a experiência comunitária no desenvolvimento bem-sucedido de soluções coletivas para atender as necessidades únicas da comunidade de I+E, em geral, e oferecer novas dimensões de apoio para os membros, visando reunir os recursos necessários para desenvolver e entregar soluções únicas para os pesquisadores e educadores.

Internet2 se esforça para ganhar continuamente o direito de ser um agente da comunidade de I+E, ajudando no desenvolvimento de soluções transformadoras que atendam as necessidades e problemas coletivos, entregados pela comunidade, e habilitados pelas tecnologias avançadas que se combinam para criar uma completa plataforma para a inovação. Estamos trabalhando duro para criar um ambiente de colaboração ainda melhor e proporcionar ferramentas e tecnologias inovadoras para a colaboração da comunidade e entregar soluções para permitir a comunidade apoiar todas as áreas da sua missão em formas novas e inéditas.

Mas ainda, Internet2 tem como objetivo mobilizar a comunidade a colaborar na definição de um conjunto priorizado de iniciativas que atender seus problemas e necessidades, trabalhando com outras organizações – fornecedores comerciais, grupos de código livre, governo, parceiros mundiais, etc. – para eliminar barreiras e atingir o sucesso coletivo da comunidade, e atender a comunidade em qualquer outra possível função para obter sucessos coletivos.

Em última instância, os líderes das comunidades de I+E podem utilizar um mecanismo de prestação de serviços único para transformar o seu negócio e modelo de serviço atual – livres de limitações impostas pelas atuais estruturas, modelos e tecnologias – e oferecer um melhor desempenho e, talvez, soluções inimagináveis. Os resultados serão: redução nos custos da educação, criação de novos mercados, soluções mais rápidas para problemas sociais, fortalecimento da posição da pesquisa e a educação global a longo prazo.

Última atualização em Sex, 22 de Junho de 2012 13:47